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Atena: deusa da sabedoria e das artes, estrategista e “filha do pai”.
Atena era a deusa grega da sabedoria e das artes, conhecida pelos romanos como Minerva. Da mesma forma que Ártemis, Atenas era uma deusa virgem, dedicada à castidade e ao celibato. Era majestosa e bonita deusa guerreira, protetora de seus heróis escolhidos e de sua cidade homônima, Atenas. Era a única deusa olímpica retratada usando couraça, com a pala de seu capacete voltada para trás para mostrar a sua beleza, um escudo no braço e uma lança na mão.
Condizendo com seu papel como deusa que presidiu às estratégias da batalha na época da guerra e às artes domésticas em tempo de paz, Atenas era também apresentada com uma lança numa das mãos e uma tigela ou uma roca na outra. Era a protetora das cidades, das forças militares, e deusa das tecelãs, oleiras e costureiras.
Atenas foi frequentemente retratada com uma coruja, ave associada com a sabedoria e de olhos proeminentes – duas de suas características. Cobras entrelaçadas eram apresentadas como um modelo no debrum de sua capa.
As habilidades b’rlicas e domésticas associadas com Atenas envolvem planejamento e execução, atividades que requerem pensamento intencional. A estratégia, o aspecto prático e resultados tangíveis são indicações de qualidades e legitimidade de sua sabedoria própria. Atenas valoriza o pensamento racional e é pelo domínio da vontade e do intelecto sobre o instinto e natureza. Sua vitalidade é encontrada na cidade; para Atenas (em contraste com Ártemis), a selva deve ser subjulgada e dominada.
Genealogia e mitologia
O ingresso de Atenas na companhia dos deuses olímpicos foi dramático. Ela saltou da cabeça de Zeus como mulher adulta, usando flamejante égide de ouro, com uma lança aguda em uma das mãos, emitindo um poderoso grito de guerra. Em algumas versões seu parto assemelha-se a uma operação cesariana dolorosa – Zeus foi atormentado por dor de cabeça torturante originária do “parto” e foi ajudado por Hefesto, o deus da forja, que lhe abriu o crânio com um machado de dois gumes, dando espaço para que Atenas nascesse.
Atenas considerava-se portadora de um só genitor, Zeus, com quem esteve associada para sempre. Foi o braço direito de seu pai, a única deusa olímpica a quem ele confiou seu raio e égide, símbolos de seu poder.
A deusa não conheceu sua mãe, Métis. Na verdade, Atenas parecia não ter consciência de que tinha mãe. Como relata Hesíodo, Métis foi a primeira esposa real de Zeus, uma divindade do oceano que ficou reconhecida por sua sabedoria. Quando Métis estava grávida de Atenas, Zeus a enganou tornando-a pequenina e a engoliu. Foi profetizado que Métis teria dois filhos muitos especiais: uma filha igual a Zeus em coragem e sábia resolução, e um filho, um rapaz de coração totalmente cativante, que se tornaria rei dos deuses e dos homens. Ao engolir Métis, Zeus contrariou o destino e assumiu o controle dos atributos dela como se fossem seus.
Atenas tomou o partido da patriarquia. Deu o voto decisivo a Orestes, na primeira disputa em sala de tribunal da literatura ocidental. Orestes tinha matado sua mãe Clitemnestra para vingar o assassínio de seu pai Agamêmnon. Apolo falou em defesa de Orestes: ele alegou que a mãe é apenas a nutridora da semente plantada pelo pai, proclamou o princípio de que o macho predomina sobre a fêmea e citou como prova o nascimento de Atenas, que não nascera do ventre de uma mulher. O voto dos jurados foi empatado quando Atenas deu o voto decisivo. Ela tomou o partido de Apolo, libertou Orestes, e colocou os princípios patriarcais acima das ligações maternas.
Na mitologia de Atenas apenas uma estória bem conhecida envolve o nome de uma mulher mortal. Ela é aracne, a quem Atenas transformou em uma aranha. Como deusa das artes, Atenas foi desafiada numa competição de destreza por uma tecelã presunçosa chamada Aracne. Ambas trabalharam com rapidez e habilidade. Quando as tapeçarias ficaram terminadas, Atenas admirou o trabalho impecável de sua competidora, mas ficou furiosa porque Aracne ousou ilustrar as desilusões amorosas de Zeus. Na tapeçaria, Leda está acariciando um cisne – uma simulação para Zeus, que tinha entrado no dormitório da rainha casada disfarçado de cisne para fazer-lhe a corte. Um outro painel era de Dânae, a quem Zeus fecundou na forma de um chuvisco dourado; um terceiro representava a donzela Europa, raptada por Zeus disfarçado na forma de um majestoso touro branco.
O tema de sua tapeçaria era a ruína de Aracne. Atenas ficou tão enraivecida do que Aracne representou que rasgou em pedaços o trabalho e induziu Aracne a enforcar-se. Depois, sentindo pena, Atenas deixou Aracne viver, transformando-a em aranha, condenada para sempre em tecer. Observe-se que Atenas, muitíssimo defensora de seu pai, a puniu por tornar público o comportamento velhaco e ilícito de Zeus, mais do que pelo desaforo do próprio desafio.
O arquétipo de Atenas
Como deusa da sabedoria, Atenas era conhecida por suas estratégias vitoriosas e soluções práticas. Como arquétipo, Atenas é seguida pelas mulheres de mente lógica, governadas mais pela razão do que pelo coração.
Atenas é um arquétipo feminino: ela demonstra que pensar bem, manter a calma no ponto mais culminante de uma situação emocional e desenvolver boas táticas no meio do conflito são traços naturais para algumas mulheres. Tal mulher está sendo como Atenas, não agindo “como homem”. Seu aspecto masculino, ou animus, não está pensando por ela. Ela está pensando claramente e bem por si mesma. O conceito de Atenas como arquétipo do pensamento lógico desafia a premissa junguiana de que o pensar é realizado por uma mulher através de seu animus masculino, que se presume ser diferente de seu “ego” feminino. Quando a mulher reconhece o modo intenso com que sua mente trabalha como uma qualidade feminina relacionada com Atenas, ela pode desenvolver uma autoridade positiva, ao invés de se amedrontar de estar masculinizada, isto é, imprópria.
No meio de uma tempestade emocional, se a mulher puder invocar Atenas como um arquétipo dentro de si mesma, a racionalidade a ajudará a orientar-se.
A deusa virgem
As qualidades invulneráveis e íntegras de Ártemis aplicam-se da mesma forma a Atenas. Quando Atenas governa a psique da mulher, ela – como as mulheres que se assemelham a Ártemis ou Héstia – é motivada por suas próprias prioridades. Como o arquétipo de Ártemis, Atenas predispõe a mulher a enfocar aquilo que lhe interessa, em vez de enfocar as necessidades dos outros.
Atenas difere de Ártemis de Héstia no que diz respeito à deusa virgem que procurava a companhia dos homens. Em vez de separar-se ou retirar-se, ela aprecia estar no meio da ação e do poder masculino. O elemento da deusa virgem a ajuda a evitar as complicações emocionais e sexuais com os homens com os quais trabalha intimamente. Ela pode ser companheira, colega ou confidente dos homens, sem desenvolver sentimentos eróticos ou intimidade emocional.
O arquétipo de Atenas representa portanto uma versão da deusa virgem mais velha, mais amadurecida do que Ártemis. A orientação realista de Atenas para o mundo como ele é, sua atitude pragmática, sua conformidade aos padrões “adultos” (isto é, tradicionalmente recebidos) e a falta de romantismo ou de idealismo completam essa impressão de Atenas como epítome do “adulto sensível“.
A estrategista
A sabedoria de Atenas era a do general distribuindo forças ou a do magnata de negócios manobrando com perícia a competição. Foi a melhor estrategista durante a guerra de Tróia. Suas táticas e intervenções ganharam vitórias para os gregos no campo de batalha. O arquétipo de Atenas prospera nas arenas comerciais, acadêmicas, científicas, militares ou políticas.
Em qualquer caso, o arquétipo de Atenas governa as mulheres que sabem o que é ser “inevitável”, cuja inteligência é ligada ao prático e ao pragmático, cujas ações não são determinadas pela emoção ou dominadas pelo sentimento. Com Atenas em sua psique, a mulher lança mão ao que deve ser feito e imagina como alcançar o que quer.
Igualmente como Atenas é a mulher com um título de doutorado que é efetiva na academia. Alcançar o posto requer pesquisa, obter publicação, servir em comitês, receber concessões, saber qual é o jogo e fazer pontos. Para irem adiante, tanto as mulheres como os homens necessitam de mentores, patrocinadores e aliados.
As mulheres artesãs
Como deusa das artes Atenas envolvia-se em fazer coisas que eram ao mesmo tempo úteis e esteticamente agradáveis. Era muito notada por suas habilidades como tecelã, onde as mãos e o cérebro devem trabalhar juntos.
Para se fazer uma tapeçaria ou tecelagem, a mulher deve esquematizar e planejar o que fará e depois, fileira por fileira, cria-la metodicamente. Esse méodo é uma expressão do arquétipo de Atenas, que dá ênfase à previsão, planejamento, domínio da habilidade e paciência.
A “filha do pai”.
Enauqnto arquétipo da “filha do pai”, Atenas representa a mulher que tende naturalmente aos homens poderosos que têm autoridade, responsabilidade e poder, homens que se ajustam ao arquétipo do pai patriarcal ou do “homem patrão”. Atenas predispõe as mulheres a formar relacionamentos de mentoras com homens decididos que compartilham de seus interesses e de modos semelhantes de olhar as coisas. Ela conta com dedicação mútua. Como a própria Atenas, uma vez que dá a ele seu voto de fidelidade, ela se torna a sua mais ardente defensora ou seu “braço direito”, com crédito total para usar bem sua autoridade e proteger as prerrogativas dele.
A qualidade de filha do pai pode tornar uma mulher tipo Atenas uma defensora dos direitos patriarcais, que enfatizam a tradição e a legitimidade do poder masculino. As mulheres tipo Atenas comumente mantêm “status quo” e aceitam as normas estabelecidas como linhas mestras de comportamento. Tais mulheres são em geral politicamente conservadoras. Elas resistem à mudança. Atenas tem pouca compaixão pelos mal-sucedidos, oprimidos ou rebeldes.
O justo meio termo
Quando o arquétipo de Atenas é forte, a mulher mostra uma tendência natural de fazer todas as coisas com moderação para viver o “justo meio termo”, que era o ideal ateniense. Os excessos são em geral o resultado de sentimento intensos ou de necessidades, ou de uma natureza apaixonada, justa, temível ou cobiçosa, coisas que são antitéticas para a racional Atenas. O justo meio termo é também mantido pela tendência de Atenas de conduzir acontecimentos, notar efeitos, e mudar um curso de ação tão logo ele pareça improdutivo.
Atenas encouraçada
Atenas chegou ao cenário olímpico com esplêndida couraça dourada. E, na verdade, estar “encouraçada”é um traço de Atenas. As defesas intelectuais conservam tal mulher longe do sofrimento, tanto o próprio como os dos outros. No meio da agitação emocional ou cruel luta crpo a corpo, ela permanece impermeável ao sentimento enquanto observa, qualifica e analisa o que está acontecendo, e decide o que fará depois.
No mundo competitivo, o arquétipo de Atenas tem indiscutível vantagem sobre o de Ártemis. A mulher tipo Ártemis tem objetivos e compete, mas não é encouraçada, como a deusa Ártemis, que usava uma túnica curta. Se o arquétipo da mulher é Ártemis em vez de Atenas, ela é pessoalmente atingida por qualquer hostilidade ou decepção inesperada. Pode ficar ferida ou insultada, e pode tornar-se emotiva e menos efetiva. Na mesma situação, Atenas avalia friamente o que está acontecendo.
Cultivando Atenas
As mulheres que não são por natureza como Atenas podem cultivar esse arquétipo através da educação ou trabalho. A educação requer o desenvolvimento das qualidades de Atenas. Quando a mulher leva a sério a escola, ela desenvolve hábitos de estudos disciplinados. O trabalho tem efeito semelhante. Comportar-se “profissionalmente” implica que a mulher seja objetiva, impessoal e habilidosa.
Toda instrução estimula o desenvolvimento desse arquétipo. Aprender fatos objetivos, pensar claramente, preparar-se para os exames e fazer testes são todos exercícios que evocam Atenas.
A mulher tipo Atenas
Há certo tipo de mulher americana estável e sociável que parece personificar melhor Atenas em sua aparência do dia-a-dia. Ela é prática, descomplicada, não inibida e segura, alguém que faz as coisas sem espalhafato. A mulher tipo Atenas tipicamente tem boa saúde, não tem conflitos mentais e é fisicamente ativa, conforme condiz com a identificação com Atenas.
Atenas criança
Uma criança tipo Atenas compartilha a capacidade de concentração de uma jovem Ártemis, à qual ela adiciona uma tendência decididamente intelectual. Qualquer que seja a idade, uma vez que tenha encontrado livros, provavelmente terá o “nariz metido num deles”. Quando não está lendo, está seguindo os passos de seu pai, perguntando: “Papai, por quê?” ou “Papai, como funciona isso?” Ela usualmente não pergunta “Mamãe, por quê?” – a menos que tenha mãe tipo Atenas, que lhe dê as respostas lógicas que ela busca. A garota Atenas é curiosa, busca informações, quer saber como funciona as coisas.
Os pais
Quando uma filha tipo Atenas cresce como criança predileta de um pai bem sucedido, que tem orgulho de que ela “é como ele”, este ajuda a desenvolver suas tendências naturais. Quando seu ídolo lhe dá a benção, a confiança em suas habilidades é seu direito inato. Tal filha cresce segura e sem conflitos quanto ao ser brilhante e ambiciosa. Como adulta, ela então pode estar à vontade exercendo seu poder, autoridade e demonstrando suas capacidades.
Mas nem todas as mulheres tipo Atenas têm um pai tipo Zeus, que as favoreça. Quando elas não o têm, fica faltando um ingrediente essencial para o desenvolvimento. Como resultado, ela pode crescer sentindo que não é aceita como ela é, e muitas vezes falta confiança em suas habilidades mesmo que não tenha sido desencorajada.
A menos que elas próprias sejam mulheres tipo Atenas, muitas mães de filhas tipo Atenas sentem-se não apreciadas, ou sentem como se suas filhas fossem de uma espécie completamente diferente.
Adolescência e juventude
As garotas tipo Atenas olham embaixo das capotas do carro. São daquelas que aprendem como consertar as coisas.
Muitas vezes, uma garota tipo Atenas pensa que “a maior parte das garotas são tolas ou idiotas”, expressando a mesma atitude que os meninos têm na pré-adolescência.
A jovem tipo Atenas pode levar vantagem nos trabalhos de costura, tecelagem ou renda feita a mão. O aspecto prático e uma apreciação pela qualidade a motivam a fazer suas próprias roupas.
Socialmente atentas, as garotas tipo Atenas extrovertidas usam seus poderes de observação, observando que usar, ou quais alianças sociais elas deveriam manter. Comentam sobre suas habilidades de competirem socialmente, de serem populares e não se envolverem emocionalmente.
As mulheres tipo Atenas planejam para o futuro. Muitas pensam consideravelmente naquilo que irão fazer após a escola secundária. Se tal mulher for financeiramente capaz de cursar faculdade, pensará sobre as que estarão disponíveis para ela, e sabiamente escolherá por si mesma.
O trabalho
A mulher tipo Atenas pretende fazer alguma coisa de si própria. Trabalha arduamente em direção àquele fim, aceita a realidade tal como ela é e se adapta. Portanto, os anos de idade adulta lhe são usualmente produtivos. No mundo do poder e da realização, seu uso da estratégia e do pensamento lógico mostra parentesco com Atenas. No lar, ela se sobressai nas artes domésticas, também domínio de Atenas, usando sua mente prática e olho estético para dirigir uma ordem doméstica eficiente.
Relacionamento com mulheres: distante ou evitado
A mulher tipo Atenas em geral tem falta de amigas íntimas, um padrão que deve ter sido observado na época da puberdade, quando ela não formava elos com os melhores amigos, ou até mesmo antes.
Além do mais, na mitologia grega, certa vez Atenas teve uma amiga que era como irmã, chamava Iodama ou Palas. As duas estavam envolvidas num jogo competitivo, terminando mortalmente quando a lança de Atenas acidentalmente atingiu e matou sua amiga. Uma versão da origem do nome “Palas Atenas” é o da homenagem à sua amiga. Como no mito, se a falta de empatia da jovem Atenas não mata seu potencial de amizade com outras jovens, sua necessidade de vencer pode fazê-lo.
A “irmandade”, portanto, é um conceito estranho a muitas mulheres tipo Atenas.
A mulher tipo Atenas está frequentemente zangada com a mulher que se queixa, mais do que com o homem contra o qual é feita a queixa. Ela pode culpar a vítima feminina de provocar o acontecimento. Ou, mais tipicamente, como a própria deusa, ela fica enraivecida porque a mulher tornaria pública uma ação que submete o homem à crítica.
Relacionamento com os homens: somente os heróis têm vez
A mulher tipo Atenas sente-se atraída pelos homens bem sucedidos. É atraída pelo poder, ou procura-o por si mesmo, muitas vezes com o auxílio de um mentor bem sucedido e mais velho ou, mais tradicionalmente, como companheira, esposa, secretária executiva, ou aliada de um homem ambicioso e capacitado.
As mulheres tipo Atenas são impacientes com os sonhadores, não se impressionam com homens que estão em busca de alguma coisa relativa a qualquer outro mundo e não simpatizam com homens que tem compaixão demasiada na hora de agir decisivamente. Não consideram como pessoas românticas os poetas que passam fome, nem são fascinadas por eternos adolescentes disfarçados de adultos. Para a mulher tipo Atenas “bom coração”, “neurótico”, ou “sensível” são adjetivos para descrever “os perdedores”. Em relação aos homens, somente os heróis tem vez. A mulher tipo Atenas usualmente escolhe o seu homem.
Sexualidade
A mulher tipo Atenas tem opinião própria e frequentemente não está a par de seu corpo. Considera o corpo uma parte utilitária de si mesma, e não toma consciência dele até que ele fique doente ou ferido.
Ela gosta de homens como amigos ou mentores, e não tanto como amantes. Como a mulher tipo Ártemis, ela precisa de Afrodite ou de Hera como arquétipos ativos para que a sexualidade se torne uma expressão de atração erótica ou compromisso emocional.
A mulher tipo Atenas frequentemente permanece celibatária por longos períodos na sua vida de adulta, enquanto enfoca seus esforços na carreira.
Casamento
É mais provável que o casamento da mulher Atenas seja mais uma parceria amistosa do que uma união apaixonada.
A comunicação entre a esposa tipo Atenas e seu marido sobre os acontecimentos é em geral excelente. Mas a comunicação a respeito dos sentimentos pode praticamente não existir, ou porque ele menospreza os sentimentos, como ela, ou porque aprendeu que ela não entende de sentimentos.
As mulheres tipo Hera e as mulheres tipo Atenas são atraídas por homens de poder e autoridade, como Zeus. Contudo, o que elas esperam dele e a natureza da relação que cada uma tem com ele é amplamente diferente. A mulher tipo Hera transforma o homem num deus pessoal, responsável por satisfaze-la – o afeto que ela sente por ele é uma conexão profunda, instintiva. Quando informada de que ele é infiel, sente mágoa no coração e se enraivece com a outra mulher, que assume grande importância aos seus olhos. Em contraste, a mulher tipo Atenas é praticamente impermeável ao ciúme sexual. Ela vê seu casamento como uma associação mútua vantajosa. Usualmente dá e espera lealdade, que ela pode não equacionar com fidelidade sexual. Também acha difícil acreditar que será substituída por uma atração passageira.
Quando a decisão do divórcio é tomada pela mulher tipo Atenas, ela é capaz de repelir um marido por quem é “bastante apaixonada” com relativamente pouca emoção ou pesar.
Filhos
Como mãe, a mulher tipo Atenas não vê a hora de seus filhos chegarem à idade em que ela poderá falar com eles, juntos fazerem projetos, e leva-los a ver o que há para ser visto. Ela possui dificuldade em lidar com filhos e filhas que são facilmente tocados pelos sentimentos
Meia idade
Frequentemente a mulher tipo Atenas acha que a meia-idade é a melhor época de sua vida. Com sua habilidade de ver as coisas como elas são, ela raramente tem ilusões a serem desencantadas. Se tudo sai de acordo com o plano, sua vida desenvolve-se de maneira ordenada.
A velhice
A mulher tipo Atenas muda muito pouco durante décadas. Ela permanece pela vida afora uma mulher ativa, prática, que põe a mão a obra, primeiro no lar e no trabalho, e depois muitas vezes como voluntária na comunidade.
Dificuldade psicológicas
A mulher tipo Atenas racional nunca perde a cabeça, coração ou autocontrole. Ela vive o meio termo ideal e não é esmagada pela emoção ou pelos sentimentos irracionais. Muitas das outras deusas (exceto Héstia) desencadearam suas emoções nos outros e causaram sofrimentos, ou foram vitimadas e sofreram. As mulheres que são como elas têm da mesma forma potencial para causarem sofrimento ou para sofrerem. Atenas é diferente: é invulnerável, indiferente às emoções irracionais ou opressivas, e suas ações são mais deliberadas que impulsivas. Desde que a mulher que se assemelha a Atenas compartilha seus atributos, ela também não se torna vítima dos outros e nem de suas próprias emoções. Seus problemas originam-se de seus próprios traços de temperamento, por usar a “égide e couraça” psicologicamente. O desenvolvimento unilateral pode desliga-la dos aspectos de si mesma que necessitam crescer.
O efeito medusa
A mulher tipo Atenas tem habilidade para intimidar os outros e afastar a espontaneidade, a vitalidade e a criatividade das pessoas que não são como ela. Este é seu efeito medusa.
Em seu peitoral, a deusa Atenas usava um símbolo de seu poder – a égide, uma pele de cabra decorada com a cabeça de Górgona, a cabeça da medusa. Esta era um monstro com serpentes ao invés de cabelos, cuja a aparência terrível transformava em pedra qualquer pessoa que olhasse para ela. A Górgona é também um aspecto da mulher tipo Atenas. Metaforicamente, ela também tem o poder de desvitalizar a experiência dos outros, de esfriar a conversa e transformar uma relação num quadro estático.
Frequentemente a mulher tipo Atenas que está provocando o efeito medusa é inconsciente do seu poder negativo. Não é sua intenção aterrorizar e intimidar. Ela está simplesmente fazendo bem o seu trabalho, enquanto ela o vê – coligindo os fatos, examinando as premissas, desafiando como o material é estruturado e mantido pela evidência.
Se for assombrada pelo feito medusa nos outros, a mulher tipo Atenas faria melhor se lembrasse que a couraça da Górgona era alguma coisa que Atenas vestia e que poderia tirar. Da mesma forma, se a mulher tipo Atenas “tira sua couraça e seu escudo”, ela não mais terá o efeito medusa. Seu efeito medusa acaba quando ela não mais de pões a julgar os outros, interiormente clamando autoridade para validar ou invalidar o modo como as outras pessoas sentem ou pensam que vivem. Quando ela se torna ciente de que tem alguma coisa a aprender com as outras pessoas e a compartilhar com elas, e portanto é envolvida como uma igual, ela terá mudado sua couraça de Górgona e seu efeito medusa.
Astúcia: “faça o que funciona”
Ela pode se tornar astuciosa ou inescrupulosa para alcançar seus objetivos ou derrotar suas rivais. Não dizia respeito à deusa perguntar: “isto é integro?”, ou “isto é moral?” O que importava é se a coisa era uma estratégia efetiva.
Caminhos para o crescimento
Crescer além das limitações de uma deusa através do cultivo de outras é possibilidade que todos os tipos de deusa compartilham. Mas a mulher tipo Atenas tem diversas direções específicas que ela pode considerar.
Voltar-se para o interior
Quando compreende quão totalmente consumidor é seu trabalho e sente necessidade de mais equilíbrio, Atenas, como deusa das artes, proporciona direção psicológica para afastar a mente dos negócios.
Recuperar a criança
A deusa Atenas nunca foi criança: nasceu já como adulta. Essa metáfora não está muito longe da verdadeira experiência da mulher tipo Atenas.
Para recuperar a criança, a mulher tipo Atenas deve parar de abordar novas experiências como o faria um “adulto sensato”, modo que ela usa desde criança. Ao contrário, precisa abordar a vida como se ela fosse uma criança estarrecida e tudo fosse novo e ainda por ser descoberto. Quando uma criança está fascinada por uma coisa nova, ela capta tudo. Ao contrário de Atenas, ela não tem noção preconcebida do que isso seria, não é cética, e não põe rótulos velhos e familiares na experiência e depois a arquiva.
Descobrir a mãe
Metaforicamente as mulheres tipo Atenas são órfãs de mãe de muitos modos; elas precisam descobrir a mãe e valoriza-la, e se permitirem ser mimadas.
É útil para a mulher tipo Atenas aprender que os valores femininos matriarcais, que existiram antes que a mitologia grega assumisse a sua forma presente, foram absorvidos pela cultura patriarcal que ainda hoje prevalece. Uma vez que a mulher tipo Atenas mude seu modo de pensar, seu relacionamento com as pessoas também pode mudar.
DEUSA ÁRTEMIS/DIANA
Todos nós conhecemos a imagem de Ártemis (Diana, para romanos), que foi esculpida e pintada como uma deusa lunar esquia, virginal, acompanhada de cães ou leões e trazendo um arco dourado nas mãos. Ela era a deusa mais popular da Grécia. Ela habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo sagrado. Ela era uma deusa de múltiplas facetas associadas ao domínio da Lua, virgem, caçadora e parteira e de fato representa o feminino em todos os seus aspectos.
Quando Ártemis era pequena, Zeus, seu pai, perguntou-lhe o que queria de presente em um dos seus aniversários.
Ártemis respondeu:
– Quero correr livre e selvagem com meus cães pela floresta e nunca, nunca casar. Foi feita a sua vontade.
Ártemis, é a mais antiga de todas as Deusas gregas. Alguns autores traçam suas origens às tribos caçadoras de Anatólia, que teria sido a morada das míticas amazonas. Outros afirmam sua descendência provêm da grande deusa da natureza Cibele, na Ásia Menor, uma Senhora das Feras que costumava estar sempre rodeada de leões, veados, pássaros e outros animais. Mas de acordo com Walter Burkert em “Greek Religion”, é provável que Ártemis remonte à era paleolítica, pois em sua homenagem os caçadores gregos penduravam os chifres e peles de suas presas numa árvore ou em uma pilastra em forma de maça.
ARQUÉTIPO DA MÃE DOS ANIMAIS
Ártemis /Diana era o ideal e a personificação da vida selvagem da natureza, a vida das plantas, dos animais e do homens, em toda sua exuberante fertilidade e profusão.
Na Itália chamaram-na Diviana, que significa a Deusa, um nome que é mais familiar, pois é bem similar ao seu nome original Diana. Ela era de fato a Caçadora, Deusa da lua e mãe de todos os animais. Ela aparece em suas estátuas coroada com a lua crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra equivalente em latim para vela era “vesta” e Diana era também conhecida como Vesta. Assim, o feixe de lenha, no qual ela veio da Grécia era realmente uma tocha não acesa. No seu templo, um fogo perpétuo era conservado aceso.
Sua festa anual na Itália era comemorada no dia 13 de agosto.
Neste dia os cães de caça eram coroados e os animais selvagens não eram molestados. Bebia-se muito vinho e comia-se carne de cabrito, bolos servidos bem quentes e maçãs ainda pendentes dos ramos. A Igreja Católica santificou esta grande festa da Deusa virgem, transformando-a na festa católica da Assunção da Nossa Senhora, a 15 de agosto.
A DEUSA E O XAMANISMO
Era muito comum o xamã usar uma pele de urso para que o Grande Espírito dos ursos possa falar por seu intermédio. Nestas práticas visualizamos claramente uma continuidade com a Ártemis grega posterior, cujos principais animais totêmicos eram o urso e o veado. Até a raiz de seu nome, “art”, está ligada à raiz indo-européia da palavra urso. Muitos mitos envolve Ártemis com os ursos. Nas primeiras histórias gregas ela aparece como uma ursa ao lado de seus filhotes.
Existiu inclusive, um rito de iniciação à deusa, onde meninas com menos de 9 anos, dançavam com pele de urso a dança do urso em seu templo. Bodes eram sacrificados nestas cerimônias, para que tais jovens pudessem conhecer também o lado sombrio da Deusa-Lua e os seus mistérios sangrentos da morte, sacrifício e renovação.
Aqui se descortina também, o aspecto feroz e sanguinário de Ártemis, a própria Mãe da Morte, que tem que ser aplacada com oferendas vivas. Os gregos mais sofisticados de Atenas, com o tempo, resolveram sentimentalizá-la, pois eles não ousavam encarar de frente este seu aspecto sanguinário.
DEUSA DA CAÇA
Ártemis é também a Deusa da Caça e dos caçadores. O mito nos pede que entendamos como é que a Mãe de seus animais é, ao mesmo tempo, quem lhes dá a morte. O Hino Homérico a Ártemis, escrito em 700 a.C., a retrata como uma caçadora de cervos, com arco de ouro e flechas que gemem, que corta os bosques escuros lançando gritos, fazendo eco aos alaridos de dor dos animais; uma imagem que expressa a selvageria da caça. Homero diz do caçador que:
“a própria Ártemis lhe havia ensinado
a disparar à todas as feras que o bosque cria nos montes”.
O caçador afortunado colocava a pele e os chifres de sua presa em uma árvore ou colocava a coluna consagrada à Ártemis como sinal de agradecimento, e no templo de Despoina em Arcádia sua estátua estava coberta por uma pele de cervo.
Porém, como Deusa dos Animais, as vezes, caminha junto de um cervo ou veado, ou conduz um carro conduzido por cervos e, ainda, ela mesma aparece como um cervo ou ursa, até porque, os animais selvagens são a própria Deusa encarnada na forma animal.
Parece, portanto, que a figura de Ártemis foi construída sobre um paradoxo: é ao mesmo tempo, caça e caçadora, a presa e a flecha que a abate.
O que pode significar o que, como caçadora, se dispara a si mesma flechas de ouro?
No período Paleolítico matar a um animal equivalia a desfazer um vínculo sagrado, e a unidade primogênita tinha que restaura-se para que o povo pudesse viver em harmonia com a natureza, o que ao mesmo tempo significava viver em harmonia com o próprio ser. A pureza do caçador é um ritual de caça muito antigo, como é o ritual de restituição da vida arrebatada, já seja sacrificando alguma parte do animal morto ou reconstituindo-o através da arte. O urso na parede da caverna de “Les Trois Frères”, coberto de flechas, pode interpretar-se desde este ponto de vista. No entanto, si tanto o animal caçado como a pessoa que o caça sob a proteção da Deusa, a ordem sagrada não pode realmente vulnerar-se. Ela é, definitivamente, quem dá e quem arrebata e nada poderá ser feito sem o seu consentimento.
Porém, essa dependência da graça da Deusa vem acompanhada de medo: medo de que o caçador não seja o bastante puro para tomar parte de seus rituais, ou de o sacrifício de restauração não seja suficiente, de que seu dom possa ser negado ou mesmo, de que os caçadores acabem convertendo-se sem presas.
DEUSA VIRGEM DO PARTO
Encontramos o eco desta Deusa Ursa Primordial em todas as questões ligadas ao parto e à proteção de crianças e animais de peito.
Ártemis era a que regia os partos: ensinava a mulher que dava à luz a abandonar sua identidade cultural e a permitir que a guiasse a sabedoria do corpo, mais profunda:
“Através de meu ventre se desencadeou um dia esta tormenta, porém invoque a celestial Ártemis, protetora dos partos e que cuido do arco, e favoravelmente acuda sempre as minhas súplicas”. Assim canta o coro na obra de Eurípides.
A imagem leonina de Ártemis volta a expressar o medo ante ao abandono às forças da natureza, que, especialmente no parto, com seu necessário momento de entrega, pode expressar-se como “dom” ou como “maldição”.
Existia a tradição também, que toda a mulher que sobrevivesse ao parto, deveria entregar suas vestes ao templo de Ártemis em Brauron, em Atenas.
Como “Mãe Ursa”, tão ternamente retratada em uma imagem neolítica de Mãe Ursa com seu cachorro, a Deusa também cuida do recém-nascido, juntamente porque a lactância das crias de toda espécie pertence à esfera dos instintos da natureza. A ursa que está criando a seus pequenos é o animal mais feroz do mundo e, entre todos os animais, exceto os humanos, o simples ato de amamentar assegura a vida e espanta a morte. As jovens dançavam em honra de Ártemis ataviadas com máscaras e disfarces de urso, explorando assim a liberdade de sua própria natureza de urso, pois eram chamadas de “arktoi”, “ursas”.
Na Creta contemporânea, Maria, em seu papel de mãe, segue sendo honrada como “Virgem Maria do Urso”.
No entanto, Ártemis não era mãe. Era a Virgem intacta cuja túnica curta e exercitada musculatura lhe davam um aspecto masculino; as meninas de nove anos, em sua etapa da pré-adolescência, eram suas companheiras favoridas. Durante as danças de suas festas as meninas, as vezes, levavam falos para celebrar que a Deusa continha em si mesma sua natureza masculina. Rodeava à Ártemis uma pureza, um inflexível autonomia, que conectava os amplos espaços inexplorados da natureza com a solidão que todo o ser humano precisa para descobrir uma identidade única.
Como Deusa das jovens solteiras e das mães parturientes, Ártemis une em si mesma, uma vez mais, dois princípios opostos, sendo mediadora de ambos. É possível que isto expresse uma ambivalência real: a do momento em que se chega a uma idade de troca vitais; atrás da perda da liberdade indomável e irresponsável da menina, há uma substituição pela dedicação constante que se necessita para se cuidar de um filho.
Todas as jovens que pensavam em casar e iam dançar em suas festas, na noite antes da da boda deveriam consagrar suas túnicas à Ártemis. Nenhum casamento era celebrado sem sua presença.
ÁRTEMIS E O SACRIFÍCIO
Ártemis era, entre todas as Deusas gregas, quem mais recebia sacrifícios. Pausanias relata um sacrifício anual à Ártemis em Patras: como em muitos outros lugares, toda a classe de animais selvagens eram jogados na fogueira e se queimavam, aves, cervos, lobos, javalis, etc. O mesmo ocorria em Mesene, perto do templo de Ilitía, a antiga Deusa cretense do parto, as vezes associada à Ártemis.
Parece, portanto, que a Deusa que personifica o lado selvagem da natureza é q que provoca o medo mais primitivo a depender de forças que estão muito além do controle humano, e cujas leis podem violar, sem dar-se conta disso.
O poema épico principal da cultura grega, a Guerra de Tróia, começa com um erro desse tipo. Agamenon havia matado um cervo em um bosque consagrado à Ártemis que, como retribuição, exige dele o sacrifício de sua filha Ifigênia. Mediante a astúcia de seu irmãos, Orestes, uma gama é sacrificada em seu lugar, porém a imagem de Ártemis, necessita de sangue humano.
Na realidade se sacrificava cabras à Ártemis antes de cada batalha, pois a caça e a guerra se apresentavam como equivalentes.
DEUSA TRÍPLICE
Como Deusa do sub-mundo, ela é associada ao Nascimento, Procriação e Morte. Como Deusa da terra, representa as três estações: Primavera, Verão e Inverno. Como Deusa do céu, ela é a Lua nas fases de Lua Nova, Lua Cheia e Lua Escura. Como Deusa Tríplice foi personificada de mulher primitiva, mulher criadora e destruidora.
ÁRTEMIS DE ÉFESO
Em Éfeso, na Ásia Menor, onde antigamente a Deusa Mãe anatólia deu à luz apoiada em seus leopardos, se alçava um esplêndido templo com uma imensa estátua de Ártemis, uma enorme figura enegrecida, com o corpo coberto de cabeças de animais e enormes peitos na forma de ovo. O curioso é a razão pelo qual se deu o nome de Ártemis, pois essa fecunda figura desenvolta fertilidade não parece nada com a angulosa Ártemis da tradição grega. É provável que se tratasse originalmente de uma manifestação local de Cibeles, a que logo os gregos deram o nome de Ártemis.
Sendo que as figuras míticas perderam durante milênios, não deixa de ser significativo que, mais de mil anos mais tarde, também fora Éfeso o lugar em que Maria, mãe de Jesus, foi proclamada “theotokos”, “Mãe de Deus”.
ÁRTEMIS E APOLO
A versão olímpica da antiga linhagem de Ártemis a faz filha de Zeus e Leto e irmã de Apolo. A história conta que Leto sofreu as dores do parto durante nove dias e nove noites antes de dar à luz aos gêmeos. Ártemis foi a primeira a nascer, e foi um parto sem dor; depois nasceu Apolo. Segundo alguns relados, se converteram na Lua e no Sol.
A relação entre Ártemis e Apolo não foi sempre o simples vínculo entre um irmão e uma irmã que compartilham o arco e as flechas, a lira e a pureza da distância e dos grandes espaços abertos. Em Delos, onde nasceram, o templo mais antigo e de maior tamanho, que mais tarde se converteria em santuário de Apolo, construído em torno de 700 a.C., pertencia a Ártemis. O templo de Apolo foi erguido na periferia. No entanto, em Delfos, que Apolo se apropriou no século VIII a.C., enquanto pertencia antes a Deusa da Terra, Ártemis não está presente. Harrison considera significativa esta exclusão e diz:
“Ártemis, como Mãe, tinha um deus varão ou filho como consorte subordinado, do mesmo modo que Afrodite tinha a Adonis. Quando o patriarcado expulsou o matriarcado, a relação entre o primeiro casal se espiritualiza, logo esse casal se concebe na relação estéril de irmã e irmão. Finalmente, a figura feminina se desvanece por completo e o consorte varão emerge como mero filho de seu pai ou mero porta-voz da vontade de seu pai”.
A DEUSA E SEU FILHO AMANTE
O mito da Grande Mãe que se une ao seu consorte para depois sacrificá-lo no rito de matrimônio sagrado pode ver-se claramente no conhecido relato de Actéon, o príncipe tebano, em cuja iconografia o mito antigo se vislumbra. O próprio Actéon era caçador e viu Ártemis enquanto se banhava nua. Para Deusa, um intruso humano em sues ritos sagrados era uma profanação, castigou-o então convertendo-o em um cervo. Os cães de Actéon, incapazes de reconhecer o dono, o fizeram em pedaços. Sua mãe, Autónoe, assumiu o papel de Ísis para com Osíris, reconstituindo seu corpo desmembrado, voltando a unir os ossos do filho.
Um relato, entretanto, mais antigo, pode ser a da união e posterior desmembramento do matrimônio mítico entre Ártemis como cerva e seu filho-amante como cervo. Na figura acima, uma pele de cervo cobre as costas de Ártemis, de maneira que se transforma verdadeiramente em Actéon em uma versão masculina de si mesma, ou seja, em seu consorte.
O banho de Ártemis faz eco ao banho ritual da Deusa, que, como nos conta Tácito, em seu “Germania”, só podia se visto por “homens condenados à morrer”. Os cães que desmembraram Actéon são também animais sagrados de Ártemis, e suas sacerdotisas usavam máscaras com rosto de cão caçador, o que sugere que o desmembramento era encenado ou imitado pelas sacerdotisas.
A diferença entre o mito antigo e o novo resulta esclarecer a importância do que se perdeu, pois na troca do matriarcado para o patriarcado, houve muitas implicações e não se resume tão somente a perda de poder das mulheres e das Deusas. Mais significativamente, o que se perdeu foi uma história que é verdadeira, no sentido de que articula uma percepção intuitiva da psique, e portanto devolve à psique sua harmonia inerente.
Cassirer falou:”o homem só pode chegar a descobrir e a adquirir consciência de seu próprio interior, pensando-o em conceitos mitológicos e instruindo-o em imagens mitológicas”. Isso quer dizer, que qualquer diminuição das imagens dos deuses provoca uma diminuição ainda maior, da capacidade dos seres humanos de conhecer-se a si mesmos. A história do matrimônio sagrado da Deusa e do deus, clarifica a relação entre a vida infinita e a finita e, portanto, entre as partes divina e humana da psique, de tal maneira que possam compreender-se mais profundamente as forças interiores enfrentadas.
Ártemis, como alma do selvagem, dá expressão ao lugar da psique onde a humanidade se sente livre das preocupações humanas, e ao mesmo tempo, aberta aos imensos poderes indômitos da natureza. A figura que tomou vida na imaginação grega outorgou um caráter absolutamente sacro aos âmbitos selvagens da natureza e aos âmbitos selvagens do coração humano que os refletem.
ÁRTEMIS/DIANA HOJE
O Arquétipo da feminilidade desta Deusa-Virgem, começa a se tornar importante novamente. Por muito tempo permanecemos à sombra da feminilidade absoluta, sob a influência de uma realidade masculinizada.
Ártemis/Diana é tão linda quanto Afrodite e nos fala que a solidão, a vida natural e primitiva pode ser benéfica em algumas fases de nossa vida. Amazona e arqueira infalível, a Deusa garante a nossa resistência a uma domesticação excessiva.
Além disso, como protetora da fauna e flora, ela é uma figura associada à ecologia contemporânea, onde há necessidade de salvaguardarmos o que ainda nos resta.
Uma parte deste redespertar da espiritualidade artemisiana já vem ocorrendo há vários anos na Europa, mas já chegou também ao Ocidente. Na Grã-Bretanha, redescobriu-se a antiga Deusa Branca dos celtas, graças ao maravilhoso livro “White Goddess”, de Robert Graves.
Hoje já há também uma nova compreensão sobre feitiçaria, sob o nome de Wicca. Esta religião-arte, nada mais é do que a “antiga religião” de Diana/Ártemis. Aquelas mulheres que praticavam o culto à Deusa Diana vieram a ser identificadas com as chamadas bruxas e foram perseguidas e exterminadas. Entretanto, junto com a Wicca e outros movimentos semelhantes, está ocorrendo uma importante ressurreição das antigas tradições xamânicas e de cura nos quatro cantos do mundo.
Todos os tipos de neo-pagãos têm buscado as origens reais ou reconstruídas do xamanismo.
EM BUSCA DA INDIVIDUALIDADE PERDIDA
Ártemis atira-lhe sua flecha da individualidade, convidando-a(o) a concentrar-se em si mesma(o). Você tem estado demasiadamente ocupada com outros que esquece de si mesma? Há bastante tempo não tem um espaço só seu? Os limites de sua individualidade encontram-se difusos e indistintos? Sua personalidade é desprezada ou aniquilada pelos outros, pois eles sempre impõe suas necessidades antes das suas? Pois aqui e agora é hora de ser você mesma, se impor como pessoa com identidade própria e não viver mais a vida dos outros. É hora de seu resgate individual, de celebrar e fortalecer a pessoa maravilhosa que você é. Ártemis lhe diz que a totalidade é alimentada quando você se honra, se respeita e dedica um tempo para si mesma. Ela também pergunta como você pode esperar conseguir o que quer se não tiver um “eu” a partir do qual atirar para alcançar seu objetivo?
Sou a que está no âmago
a indescritível
a implacável
a presença viva
que habita e transforma
uma construção
uma morada
um palácio
tirando-o do reino
do mármore de pedra
ou da madeira
e com o fogo da lareira aceso
transforma-o num lar.
Héstia é a Deusa da lareira ou do fogo queimando em uma lareira redonda e é a menos conhecida dos Deuses olímpicos.
Héstia e sua equivalente romana, Vesta, não foram representadas em forma humana por pintores ou escultores. Sua representação é a viva chama no centro do lar, do templo e da cidade.
O símbolo de Héstia era um círculo. Suas primeiras lareiras eram redondas, assim como seus templos. Nem o lar nem o templo ficavam santificados até que Héstia entrasse. Héstia era tanto uma presença espiritual como um fogo sagrado que proporcionava a iluminação, calor e aquecimento para o alimento.
MITOLOGIA
Héstia era a filha primogênita de Réia e Crono, a irmã mais velha da primeira geração de deuses olímpicos, e a solteirona da segunda. Por direito de primogenitura, era uma das doze deusas olímpicas principais, mas não podia ser encontrada no monte Olimpo, e não fez nenhum protesto quando Dionísio, Deus do vinho, cresceu em proeminência e a substituiu como uma das doze. Por não tomar parte nos romances e guerras que então ocupavam a mitologia grega, é a menos conhecida dos principais Deuses e Deusas gregas. Contudo, foi grandemente honrada, recebendo as melhores ofertas feitas pelos mortais aos deuses.
A breve mitologia de Héstia é esboçada em três hinos homéricos. Ela é descrita como “aquela virgem venerável, Héstia”, uma das três que Afrodite é incapaz de dominar, persuadir, seduzir ou ainda, provocar nela um desejo de prazer.
Afrodite induziu Poseidon, Deus do mar, e Apolo, deus do sol, a se apaixonarem por Héstia. Ambos a queriam, mas Héstia recusou-os firmemente, prestando solene juramento que permaneceria virgem para sempre. Então, conforme o “Hino de Afrodite”, explica, “Zeus lhe concedeu um bonito privilégio, ao invés de um presente de casamento: ela tem seu lugar no centro da casa para receber o melhor em ofertas. É honrada em todos os templos dos Deuses, e é Deusa venerada por todos os “mortais”. Os dois hinos homéricos a Héstia são invocações, convidando-a a entrar em casa ou no templo.
SEUS RITUAIS
Héstia é encontrada em rituais, simbolizada pelo fogo. Para que uma casa se tornasse um lar, a presença de Héstia era solicitada. Quando um casal se unia, a mãe da noiva acendia uma tocha em sua casa e a transportava diante do casal recentemente casado até sua nova casa, para que acendessem a primeira chama em seu lar. Este ato consagrava o novo lar.
Depois que a criança nascia, acontecia um segundo ritual. Quando a criança tinha cinco dias de vida, era levada ao redor da lareira para simbolizar sua admissão na família. Então seguia-se um festivo banquete sagrado.
Da mesma forma, cada cidade-estado grega tinha uma lareira comum com um fogo sagrado no edifício principal, onde os convidados se reuniam oficialmente. Cada colônia levava o fogo sagrado de sua cidade natal para acender o fogo da nova cidade.
Portanto, onde quer que um novo casal se aventurasse a estabelecer um novo lar, Héstia vinha com eles com o fogo sagrado, ligando o lar antigo com o novo, talvez simbolizando continuidade e ligação, consciência compartilhada e identidade comum.
VESTAIS
Posteriormente, em Roma, Héstia foi venerada como a Deusa Vesta. Lá o fogo sagrado de Vesta uniu todos os cidadãos de Roma em uma família. A Deusa romana Vesta (Héstia) era uma Virgem Eterna conhecida como “aquela de luz”.
Suas sacerdotisas eram as Virgens Vestais que mantinham o fogo sagrado sempre aceso, representavam a alma verdadeira de Roma. Se o fogo se extinguia, as Vestais deveriam reavivá-lo friccionando uma madeira ou estaca.
Seis Vestais de boa origem familiar, iniciando seu ofício entre os sete e os dez anos. Elas eram selecionadas obedecendo determinados critérios que incluiam estarem livres de qualquer tipo de imperfeição física ou mental e possuírem pais livres e vivos. Depois de passarem por uma rigorosa seleção, eram eleitas pelo alto sacerdote para assumirem um compromisso de trinta anos, dos quais, os primeiros dez anos seriam dedicados para estudos (Discípula em Latin) e treinamentos. Os dez anos seguintes, tornavam-se serviçais da Deusa (cuidavam do fogo, da limpeza do templo e participavam de cerimoniais) e os últimos dez, deveriam treinar as novatas Vestais.
As Vestais tinham a cabeça circundada por frisos de lã branca que lhes caíam graciosamente sobre as espáduas e de cada lado do peito. As suas vestes eram muito simples, mas elegantes. Por cima de um vestido branco usavam uma espécie de roquete da mesma cor. O manto, que era de púrpura. No princípio cortavam os cabelos, entretanto, mais tarde, exibiam longa cabeleira.
Eram sempre deixadas à distância das outras pessoas, honradas, e esperava-se que vivessem como Vesta, com terríveis conseqüências se não permanecessem virgens.
Qualquer virgem Vestal que mantivessem relações sexuais com um homem, profanaria a Deusa. Como punição deveria ser enterrada viva, sepultada em uma área pequena e sem ar no subsolo, com luz, óleo, alimento e um lugar para dormir. A terra acima dela seria então nivelada, como se nada estivesse embaixo. Portanto, a vida de uma virgem vestal como personificação da chama sagrada de Héstia era extinta quando ela parava de personificar a Deusa. Era coberta com terra como o carvão que se extingue em uma lareira.
Em compensação, apesar de todos esses rigores, as Vestais gozavam do maior respeito e eram tão sagradas que se passassem ao lado de um homem condenado, esse era perdoado. Eram também, muitas vezes, chamadas para apaziguar as dissensões nas famílias e muitos segredos lhes eram confiados, até os do Estado. Foi entre suas mãos que o imperador Augusto depôs o seu testamento. Depois de sua morte elas o levaram ao Senado Romano.
Quando o luxo se espalhou em Roma, as Vestais passeavam em suntuosa liteira, mesmo em carro magnífico, com um numeroso séquito de mulheres e de escravos.
Há uma lenda que conta que as primeiras Vestais foram eleitas pelo herói troiano Eneas, o primeiro ancestral de todas as coisas romanas.
O imperador Graciano (governante desde 367 até 378 d. C), que era hostil as religiões pagãs, deixou de pagar os salários das Vestais, desviando o dinheiro para pagar o serviços postal imperial. A adoração dos Deuses pagãos foi oficialmente proibida pelo imperador Teodósio (governante desde 379 até 395 d. C) no ano de 394 d. C, e o fogo de Vesta se extinguiu para sempre.
A última Vestal conhecida em Roma foi Coelia Concórdia.
O TEMPLO DE VESTA
O templo de Vesta era um pequeno edifício circular, localizado no Forum, perto da Régia, no centro da vida romana.
Sua forma e desenho recordavam aos romanos as primeiras construções de Roma: cabanas circulares com postes de madeira e trechos de palha. As virgens Vestais viviam ao lado (no Atrium Vestae), em uma grande construção disposta em torno de um pátio central.
O ARQUÉTIPO HÉSTIA (VESTA)
A presença da Deusa Héstia em casa e no templo era fundamental para vida diária dos gregos. Como presença arquetípica na personalidade da mulher, Héstia é da mesma forma, proporcionando-lhe sentimento de integridade e inteireza.
Héstia possui uma consciência enfocada interiormente. O modo hestiano nos permite entrar em contato com nossos valores trazendo ao foco o que é pessoalmente significativo. Através desse enfoque interior, podemos perceber a essência da situação. Podemos observar o temperamento de outras pessoas e ver o padrão ou sentir o significado de suas ações. Essa perspectiva interior proporciona clareza no meio da confusa miríade de detalhes que se apresentam aos nossos cinco sentidos.
Como Deusa da lareira, Hésta é o arquétipo ativo nas mulheres que acham que tomar conta de casa é uma tarefa significativa. Com Héstia, proteger a lareira é um meio através do qual a mulher coloca a si mesma e sua casa em ordem.
Cuidar dos detalhes de uma casa é uma atividade que equivale à meditação. Lógico que se este trabalho for realizado com carinho e amor e não contrariada!
O arquétipo de Héstia desenvolve-se em comunidades religiosas, principalmente nas que cultivam o silêncio. As freiras e as virgens vestais compartilham o padrão arquetípico de Héstia.
Hésta é um arquétipo de centralização interior. Ela é o ponto de equilíbrio que dá significado à atividade, o ponto de referência interior que permite à mulher permanecer firme em meio da confusão, desordem ou afobação do dia-a-dia. Com Héstia em sua personalidade, a vida de uma mulher tem significado.
Dia 08/05/2012 às 20hs teremos a palestra com a nutricionista Marcela Sansone
Inscrições pelo e-mail: matprima@hotmail.com ou telefone 5572-7409
R$10,00 por pessoa ou 1kg de alimento não perecível
Para saber mais sobre o trabalho da Nutr. Marcela Sansone acesse o blog:
No dia 12/03/2012 tivemos a primeira palestra do Clube de Pais, ministrada pela psicóloga Daniela H. Ramos. Com o tema: “Educar ou Deseducar. Qual é o seu papel?”
Agradecemos a presença dos pais, educadores e psicólogos que participaram deste trabalho.
Em breve publicaremos a apresentação em PDF e indicações de filmes e livros voltados ao tema.